quinta-feira, 25 de junho de 2009

O forró está voltando.

- Cara, o forró está voltando!! Foi o que um colega de trabalho me disse por entre gritarias usuais de redação, sonoras e muito barulho de rádios. Eu fiquei pensando. Não, não é comigo, não podem ter descoberto o meu passado remoto assim tão fácil.

É verdade. Quando eu tinha uns 13 anos e era uma jovem menina, minha prima, então com cerca de 17, me disse que iria no Forró do Manara. - Vamos lá, o meu Tio Cláudio vai tocar. Cláudio, no caso, chama-se Cláudio Calcanhotto e (sim) é o irmão de Adriana. Ele era da percussão da Banda Maria Bonita, na época. Hoje (sim) Cláudio é o famoso baterista da Comunidade Nin'Jitsu.

Bom, o Cláudio ia tocar, as duas menores de idade teriam um responsável com elas lá dentro e - o melhor - não iriam pagar. Então nós dançávamos a noite toda, sabíamos todos os passinhos de forró, todas as letras e todo-santo-domingo nós estávamos no Manara para o forró.

Então naquela tarde na redação o meu colega gritou dizendo que o forró tinha voltado. Pensei de cara na matéria que eu tinha que fazer pro IPA. É tão fácil fazer matéria de áudio pra quem trabalha em rádio... Então catei o telefone do Elojac, o cara da cena do forró em Porto Alegre, que manja de forró desde os tempos em que eu tinha treze anos, e o entrevistei.



Elojac
me contou da história do forró no RS, falou das diferenças das músicas daqui para as do resto do Brasil, detalhou a história da Maria Bonita e explicou por quê raios o forró está, enfim, voltando.

O mais engraçado é que um dia, perdida na noite com outra amiga minha, fomos parar no Roms aonde estava rolando um forró. Não tenho mais treze anos, mas fazer o quê, né? Dançamos.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Teatro Inusitado

Na verdade o inicio foi lá em 2004 com o Beco203. Eu e as gurias lembramos bem. A gente se divertia na caminhada entre o Bambus e o prédio 203 da João Pessoa. Casinha colorida, paredes pintadas, gente como a gente.

Com problemas de alvará – é o que dizem – fechou o lugar mais bacana da cidade. Depois o Vitor Lucas, criador do Beco, inventou umas festas na Marina Pública, a gente caía na brita, quase se afogava no rio, mas era bem legal. Teve festas em puteiros e em casas abandonadas também.

Tudo isso porque o Beco não tinha mais uma sede efetiva. Enfim, o Vitor conseguiu comprar o antigo Cabaret Voltaire, na av. Indepndência. Virou Cabaret do Beco. Depois, criou um novo beco no antigo Encouraçado Butikin, o Porão do Beco.

É lá que, agora, acontecem peças de teatro todas as sextas feiras. Quando descobri, decidi que tinha que registrar esse momento. Ao mesmo tempo que a classe artística, a classe musical e a classe maluca beleza são a mesma, não são. Ter um teatro dentro da buatchy mais hypada de Porto Alegre representa uma integração entre as pessoas que gostariam de ir ao teatro, mas que tem preguiça.

É, coragem, existem pessoas assim. E a grade desculpa é que você assiste a peça e fica para a festa! Bom, teatro dentro do lugar de festas, nada comum, como todos os conceitos malucos que já surgiram da hoje produtora Beco 203.



No dia 24 de abril, a BECO 203 PRODUTORA lançou um novo produto. Agora, nas sextas-feiras à noite, antes das conhecidas festas nada usuais, uma peça de teatro abre a programação. A casa fica disponível durante um mês para temporada de cada grupo de teatro. No primeiro dia de Maio a casa abre as portas às 20h para o público com o primeiro espetáculo: a peça Agora Eu Era, corte 1. Pagando doze reais qualquer um pode prestigiar a novidade (classe artística paga dez). Quem ainda não sabe aonde fica o Porão do Beco corre até a Av. Independência, 936.

E fica a dica: quem assiste a peça, já fica pra festa na sequência!!!

Matéria em áudio:
Download Gabriela Casartelli - Teatro Inusitado

Vambora, bixo?

A acústica dentro daquela sala me faz escutar melhor. - Vamos fazer na ordem do show, depois a gente brinca, diz o baixista. Mas a brincadeira começa na mesma hora. Para eles, tocar é o prazer máximo, e podemos ver isso nos respectivos olhos. Há cerca de um ano surgiram em um ensaio indireto, seriam Tim Maia, seriam rock'n'roll, ou não seriam nada.

Sentada em um banco mais ao lado, pra não atrapalhar a guitarra e o baixo, mas sem levar pancadas das baquetas, eu me preparo, assim como o trio. Benjamin Constant, bairro floresta, Porto Alegre. Noite quente, ainda é verão e fazer barulho não é problema.

Depois de umas imagens gravadas no show verde, porque os shows dos caras são coloridos – pasmem! –, que nem foi tão bom, o próximo ensaio. Lugares limpos, lugares sérios. Lá não dá pra tocar com todo o tesão possível. Pena. E, mesmo assim, não vi nada tão bom.

Duas horas, dois minutos. Um bom papo, um bar e muitas idéias. Foi assim que, depois do show verde, assisti um ensaio da banda Ônibus Azul no MusicBox, um estúdio na capital do rock. Depois, sentados no segundo lugar mais confortável que pode existir para um músico, o bar, o baixista Gustavo, o guitarrista Steve e o baterista Samuel me contaram um pouco da trajetória e das idéias da banda.

Making off: cabeça gravada com auxílio de Camila de Moraes, ensaio no estúdio Music Box e show verde no auditório da Livraria Cultura, tudo por Sony DSC-H2. OFF na câmera e editado no Audacity. Imagens editadas no Windows Movie Maker.



Juntos desde meados de 2008, os três componentes da banda Ônibus Azul são Gustavo Barcelos (ex-Brim Curinga), Samuel Gamboa (ex-Gárgulas) e Steve (ex-Musgo). Juntos fazem um rockn roll próprio, independente e, o principal: de qualidade. Com sintonia desde o início, agora o ônibus tomou a estrada e, além de vento no rosto, só querem continuar fazendo um bom som e divertindo - a quem os escuta e a si próprios.

O lance era fazer muito Rock'n'Roll, com temas próprios e tentar seu lugarzinho na sombra - entrar no Ônibus e pegar a estrada... O mundo está repleto de rock, de poesia, de gente que quer ouvir, falar, cantar... Por isso, VAMBORA BIXO!

Músicas, fotos e agenda da banda aqui.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Delicada Ostentação Efervescente

Selo amigo, festa e bom gosto garantidos. Não precisava muito para garantir não só a minha presença, mas o meu interesse em tornar matéria e divulgar. Mais uma vez a Casa de Tolerância, e não é porque elas são bonitinhas, não. Nina, Ianny e Amanda sabem criar, selecionar, moldar, cortar e finalizar como ninguém.

Esse foi só mais um jeito de fazer o convite para essa noite, essa festa, esse desfile, esse show. Com a matéria anterior sobre moda, na qual as garotas dão a sua opinião técnica sobre o assunto, tive acesso à essa coleção. No dia da gravação elas estavam fazendo as fotos abaixo.

Eu sabia que, como todas as outras vezes, a coleção estaria impecável. Mesmo assim, não sabia que ia estar tão impecável. Naquele dia tive acesso exclusivo às fotos e também a idéia original que fez as gurias juntarem dois conceitos tão loucos em um só: Rock'n'Roll e Belle Époque. Daí foi um passo para que eu me tornasse cada vez mais fã.

Para finalizar, acho importante comentar como é legal ter gente boa assim como elas - e como outros tantos - na nossa própria cidadezinha provinciana e, mais ainda, dar o valor merecido. Só assim a cena da moda no RS vai ter reconhecimento.


As criadoras da Casa de Tolerância já começam inovando pela temporada. Enquanto todo mundo costura para o INVERNO 2009, elas costuram para o OUTONO. Finas. Mais e sempre: são ousadas e, até agora, aqui no sul, pelo menos, não existe nada igual.

A mistura louca desse outono? Rock’n’Roll e Belle Époque. A idéia é fantástica: são dois momentos históricos de transgressão na moda. Foi na Belle Époque, lá pelo final do século XIX, que luxo, glamour e, principalmente, extravagância foram explicitados na indumentária. Neste ponto a palavra-chave é, sim, ostentação - no seu melhor sentido. Quem disse que é ruim?

Valorização do corpo feminino e das curvas e, na contramão dessa época de luxúria contida, um primeiro resquício da masculinização dos looks femininos. Foi quando surgiu, contra exageros, mas a favor dos cortes simples, Mademoiselle Chanel.

Mesmo que possa parecer avesso, o rock’n’roll também é assim cultura-pura, efervescência: cabarés, cancan, cinema, Impressionismo e Art Nouveau são, afinal, muito similares ao underground do rock.

E é pra lá que nós vamos no dia 15, sexta-feira. Pro Porão do Beco ver esse choque, esse contraste, essa loucura que as três criadoras do primeiro coletivo de moda do RS estão preparando pra nós.

E, para animar a festa, o lançamento será feito num desfile-show com Dating Robots (ex-Chiclé Demência), durante uma festa especial da Casa de Tolerância, com discotecagem de Eduardo Normann e Mariana Kircher (Lust For Life!), Juliana Baldi (Ipanema FM), Daniel Lacet (Fuck Rehab) e o DJ do coletivo, CoguBoy com participações especiais das designers Amanda, Nina e Ianny.

Vamos??

Fotos Daniel Lacet/divulgação

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Santiago do Boqueirão - análise de tendências

A matéria surgiu a partir de estudo de tendências na cidade de Santiago do Boqueirão, aonde estive na última páscoa. Fui visitar a minha humilde - mas borracha - família e lá, em um momento célebre e raro de lazer, observei melhor as ímpares figuras moradoras da tal cidade.

Obviamente com a autorização e consultoria prévia de meus primos e familiares, com OFF's muito secretos e com constatações gerais de muitos moradores da cidade trouxe para os colegas Ipenses algumas curiosidades da Fronteira Oeste do grandioso Rio Grande.

Making off: Muita pernada pelas ruas áridas de Santiago, com bloco na mão e olhos bem abertos para qualquer movimentação inusitada!

Segue abaixo minha obra:



Além de poder lamber o muro do Caio (para esclarecer, Caio Fernando Abreu nasceu em Santiago), quem visita “a terra dos poetas” por pelo menos quatro dias tem grandes probabilidades de passar por alguma das aventuras que passei.

Na night, os alto-falantes dos carros emanavam muito reggaeton, sertaneja, vanera e eletrônica. Eletrônica do hype de dez anos atrás. A loja mais legal de toda cidade é a que tem mais artefatos da novela das índias que o camelódromo amigo – Centro Popular de Compras super-recém-inaugurado – do centro de Porto Alegre. Lá tem todos os brincos da Ju Paes, inclusive uns mais oitentinhas e menos todo-mundo-tem, além de várias batas.

Curiosidade para quem nunca visitou a fronteira oeste: o dialeto.

1) carcaçama – vem de carcaça. Digamos que são pessoas mais velhas e não muito bem cuidadas. Se usa: “lá é só carcaçama”.

2) arame liso – aquele que cerca, cerca, mas não enrosca nada. Arame, para quem não conhece, é um artefato usado para fazer cercas. Só que existem dois tipos: farpado e liso. O farpado é o que enrosca. Se usa: “o sujeito não pega ninguém, é arame liso”. Inventamos uma nova modalidade, a da cerca elétrica: cerca, dá choque e espanta.

3) chinedo bagual – resumindo, é muita putaria. Usou-se a primeira vez em referência a uma festa não muito honrada. Aqui no sul, no interior, china é sinônimo para ‘mulher da vida’. Bagual dá a ênfase - muito, intenso, grande. Se usa: “naquele bar vai estar um chinedo bagual".


Tendência: mexican mustache. Aqui na fronteira oeste é clássico e tradicional, todos usam bigodzinho. Mas toda a tendência mundial afirma e eu, é claro, que sou baita maria-vai-com-as-outras, repito: o bigode vai voltar!!!


Afiem as navalhas, meninos!

A desconstrução do luxo

Eu, uma vontade imensa de trabalhar com jornalismo de moda de uma forma diferente e uma câmera na mão. Foi o que bastou para que, na primeira semana de aula deste último ano de IPA, eu fechasse essa matéria. O objetivo? Simples. Propor uma visão pós-moderna da moda, no sentido mais simples dela: a moda é, claramente, o tipo de arte que mais influencia nas relações interpessoais. Não subestimar o espectador, o ouvinte, o leitor ou, no caso, o internetspectador é a proposta: falar claramente do que a moda representa no dia-a-dia, bem mais que simplesmente marcas, compras ou essa visão generalizada deste sistema assustadoramente efêmero.

Making off: Ensaio de fotos da coleção de outono 2009 da Casa de Tolerãncia, Mulligans Irish Pub, gente bonita e bem vestida por preço baixo (ou não), cabeça gravada na redação da Band tudo por Sony DSC-H2. OFF gravado na própria câmera e editado profissionalmente no Audacity. Vídeo, com muita paciência, no Windows Movie Maker! Yeah.

Assista a matéria e ainda conheça, de quebra, a Casa de Tolerância.


"Despesas extravagantes aqui, compras 'econômicas" ali. O consumo de luxo está em via de desinstitucionalização". (Gilles Lipovetsky) Analisando esse paradoxo entre comprar as grandes marcas e o sentir-se bem, as estilistas do coletivo de moda Casa de Tolerância - Amanda Dorneles, Nina Godinha e Ianny Bastos - falam sobre a tendência crescente do individualismo no seu melhor sentido: ser diferente e, ainda assim, simples e confortável.

"Não existe mais verdadeira elegância se não discreta e eufemística: nasceu o que Balzac chama o 'luxo de simplicidade".